Os pássaros.


Quando um “Ah” não vem seguido de uma exclamação, é porque as coisas andam tristes.
Por onde andam minhas pessoas? Por quanto mais tempo tenho que me acostumar ao engano?
As pessoas andam tristes no asfalto molhado depois de uma tempestade de fim de ano.
Por onde andam as exclamações? Será eu que fiquei velho ou ando tendo pouco tempo?

Meus pássaros também tentam voar assim como os teus. Mas eu os liberto.

Estes meus, tão tristes, nem são tão azuis assim!
São opacos, sólidos e, vez ou outra, cor de carmim.

Um carmim triste e velho como sangue seco; daquele tipo que ninguém liga.

Ando cansado.

Mas caminho com força.

O fôlego já nem é o mesmo, mas quem se importa quando um sorriso brota em meu rosto?
Tanta coisa pra contar… E de pensar que nunca quis esconder nada de ninguém. Nem mesmo a alegria.

Mas é isso o que somos, não é?

Somos apenas um tomateiro querendo dar frutos, mas que é tão difícil de vingar!

Não pense em mim como qualquer bêbado perdido sem ter pra onde ir!
Pense em mim apenas como um bêbado. Uma criança sem as rédeas pra cavalgar.

Não quero que chores. Tão pouco que sorrias.

Apenas continue assim!
Com essa face tracejada e suja.
Com sua alma maculada e cheia de certezas.
Ora! E como não?

Eu não tenho ritmo e nem perdão!

Não tenho regras e, tão pouco

Escansão… Mas eu faço a escanção!

Daí eu rio. Pego a métrica pra desistir em seguida
Escolho uma palavra difícil pra explicar;

E perco o embalo em seguida só pra poder te dizer:

Meus pássaros são menores que os teus.
Eles tem menos cores
E nem se quer voaram tão alto.

 

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