Depois de deitarmos, quando já relaxados, acendi um cigarro.
Ela não reclamou; claro que não. Como poderia?
Acendeu seu baseado e me questionou sobre como eu me sentia em estar com uma pessoa da qual nunca seria possível haver relacionamento algum. Sorri simploriamente e traguei mais uma vez o cigarro enquanto o dela abafava o cheiro do meu com seu odor.
– Me sinto de forma alguma – foi minha resposta.
Levantei nu da cama com o cigarro no canto da boca. Peguei a garrafa de Jagerméister e coloquei mais um pouco no copo.
Virei a bebida. Traguei o cigarro. Mais bebida e dei um trago mais profundo fazendo com que a ponta em brasa crescesse voluptuosamente.
– Você é estranho – ela falou – Parece tão romântico… Até é romântico, mas não tem medo de perder nada.
Mirei uma outra garrafa. A de vodca. Derramei no copo, mas ao invés de derramar garganta abaixo, caminhei até a cama e joguei o liquido sobre os seios nus da menina.
Ela gritou com a bebida gelada, mas não demorou pra sorrir.
Levei minha boca no centro de seu peito e suguei. A bituca ainda estava na minha mão, a maconha na mão dela.
– Joga essa merda fora – eu disse.
– Não – ela respondeu.
– Você é quem tem medo de perder as coisas – eu disse.
– A gente já perdeu tudo o que tínhamos pra perder. Somos dois derrotados, mas ainda estamos por cima das moscas que nos devoraram.
Eu sorri.
– Você é o melhor sexo que tive até hoje – eu sussurrei enquanto começávamos novamente os movimentos naquele quarto pequeno de Motel.
– E você o meu – ela respondeu engasgada com um gemido.
Tomei o baseado de sua mão e traguei. Joguei fora junto com o que restava do cigarro. Tudo acontecia ao mesmo tempo. Era um amalgama de sentimentos.
– Não vai dar em nada – ela insistiu em confirmar.
– Eu sei – eu insisti em concordar.
A garrafa de Jagerméister estava a nos assistir.
Eu jurei que nunca mais colocaria uma gota daquela bebida em minha boca.
Nada nunca deu em nada.
Nem nossos encontros depois disso.