A Corrida do Ouro de Tolo.


Existe em mim uma fúria imensa de estar à deriva no cotidiano. A preguiça me assola todos os dias, e quanto mais faço coisas, mais a preguiça vem.

Mesmo ainda tendo tempo, não resta mais espaço pra muitas coisas. É como estar robotizado e desligar depois de todas as tarefas diárias estarem cumpridas. Existe um ódio dentro de mim por mais perfeitas que as coisas possam estar. Mas se tudo anda bem, pra quê o ódio?

É uma sensação de não saber o que esta se fazendo, ou pior. Uma sensação de não saber o porquê de fazer tudo o que se faz. É estranho. Mas a pior de todas as sensações é: ter ideias o dia inteiro, escrever, criar quando sair do trabalho e chegar em casa; mas quando chego na frente do PC vem aquela preguiça. “Não fode, filho da puta”, penso para mim mesmo. Mas daí já é tarde. Deixo de lado as ideias que seriam boas e navego por sites de pornografia, um diferente do outro… Quando penso em masturbação, me pego desanimado e vendo aquelas garotas ao mesmo tempo em que me pergunto “O que fez você ir parar aí fazendo o que faz, moça?”. Daí penso que preciso de ajuda médica. Olho para a garrafa de vinho. É mais barata, não preciso agendar nada com ela e também causa uma sensação de alívio. Abro a garrafa de vinho e esqueço.

O vinho me faz querer escrever, mas daí olho no relógio e é tarde de mais. Preciso dormir para acordar cedo para ter ideias para chegar em casa e ter preguiça para abrir sites pornôs para me perguntar o que aquelas meninas fazem lá para depois me perguntar sobre ajuda psiquiátrica só pra, daí, abrir o vinho mais uma vez e relaxar pra encarar todo o mesmo processo no dia seguinte e, assim, chega o fim de semana. Momentos de diversão futilmente artificiais. Mas não costumo me enganar. Na sexta-feira eu já tenho ideia de que a segunda espreita logo ali, me sorrindo sadicamente querendo roubar aquilo de melhor que eu não tenho!

Eu sou um monstro, eu sei. Foi o vinho quem me disse. Aí o ódio aflora e eu acabo com ele sem dó! EU roubo o que há de melhor dele. A segunda-feira só leva aquilo que ele me trouxe de melhor… Não me importo. Na terça eu sou quem sorrio para a segunda… A gente se desafia e eu me pergunto em que dia da semana eu morrerei.

Não quero dar este prazer para a segunda-feira. Na quarta tem futebol, na quinta também… Seriam péssimos dias para isso. Sexta e sábado estão fora de cogitação! Não quero estragar nem o meu e nem o fim de semana de ninguém. No domingo? Nem pensar. A segunda por si só já é ruim demais para todos.

Terça. Terça seria um bom dia. Quarta as pessoas veriam o futebol. Até o fim de semana todos esqueceriam… Sim. Aposto a morte na terça-feira.

Até lá nada continuará fazendo sentido algum; nem pra mim e nem pra você.

Não quero escrever… “Não fode, filho da puta”… Preciso deitar. Amanhã preciso trabalhar para ter ideias que, quiçá, nunca usarei.

2 comentários em “A Corrida do Ouro de Tolo.

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