Havia muita porra dentro dela!
De certo que ela saíra com muitos rapazes nos últimos dias e não fazia a menor questão de preservativo. Os anticoncepcionais dariam conta de tudo. Os meninos poderiam ejacular quanto quisessem dentro dela, ela nunca se importaria com um pouco de sêmen a mais.
As trepadas permaneciam diárias; ela era mesmo uma artista! O estrado da cama era o quadro, colchões e lençóis suas telas; os pênis seus pincéis (dos mais variados tamanhos, afinal, todo pintor necessita de diversos tipos de pincéis) e, por fim, o sêmen seria o secante de cobalto. Ela pintava os mais variados quadros nas mais variadas posições e, de vez em quando, nem se quer se importava com o excesso de tinta vermelha que escorria em sua pintura.
Obra acabada. Acendia seu cigarro e jogava todo o material fora. Mandava que lhe lavassem a obra na manhã seguinte para que, de noite, pudesse criar algo novo.
Seu quadros tinham os mais variados nomes: Papai e mamãe no jardim das bromélias; Vitor Hugo e seus gemidos sobre tons de cinza; viagem de meu fingimento orgástico… E por aí ia.
Acontece que um dia ela engravidou!
O filho seria de muitas pessoas. Ele seria listrado em branco, preto, vermelho e amarelo! Um olho seria puxado, o outro esbugalhado. Uma mão de pianista e a outra de anão. Aquilo sim seria sua maior obra! Seria fantástico. No entanto ela não quis terminar aquilo!
Queria mais é que se fodesse a criança que estava por vir. Dizia que colocaria um nome maluco e abandonaria o fedelho na porta de qualquer casa de shows antes que completasse um ano de vida.
Fila de homens para fazer o teste de DNA com o embrião ainda na barriga. Dobravam a esquina do quarteirão do pequeno laboratório localizado na Lapa! Mas todos saiam aliviados. Acabou a fila e o filho era de ninguém.
Será que Deus resolveu abençoá-la com um filho sem a necessidade de uma boa trepada? “Que coisa mais sem graça” pensava ela! “Filho sem orgasmo é como fumar maconha e não dar barato”.
O filho teria que ser de alguém.
Consultou a lista telefônica. Demorou sete meses para que ligasse para todos os homens, mas o filho não era de nenhum deles. De quem seria então? Era estranho.
Sua barriga cresceu mais e mais. Nove, onze, treze meses e nada da criança nascer!
Correu desembestada pelo sanatório e bateu a barriga contra a parede!
– Morre, filho da puta! Sai daí de dentro criança do caralho! (Bom, toda criança é do caralho).
A falta de amor lhe enchia a barriga, mas meses internada fez com que sua barriga murchasse e voltasse ao normal. A criança não nasceu! Não poderia nascer. Não havia nada além de uma imensidão oca que a falta de amor lhe fez inchar a barriga! E daí ela começou a sentir saudades do peso no ventre. Ainda estava curiosa para saber daquela criança que apareceu e desapareceu!
“Já sei” – Exclamou ela!
Ao voltar pra casa, parcialmente curada de sua loucura, pegou sua espátula! “Vem aqui que vou te achar aí dentro, lazarento desgraçado”. Rasgou a barriga e revirou seu intestino! Lá estava ele perdido aonde não deveria estar. Um pequenino óvulo que havia enforcado um espermatozóide e se matado logo depois. Havia ao lado dos corpos um bilhete. Ela abriu o bilhetinho que dizia.
“Em você não”.
E, assim, ela viveu feliz para sempre.
Aaaahh… ainda bem que vc colocou de volta!!!
Não importa as possíveis confusões ou se tem algum fundo de verdade nessa história… importa que tá fodástico… foi um dos melhores contos que eu já li de vc…
Parabéns!
: ) valeu Eldinha!
Mas num tem verdade alguma rs!
hauhauah calma, calma… eu seiiii…
sabia que essa parte ia causar possíveis confusões rsrsr
tá doido rsrsr