Não esqueça, você prometeu.
*Ultimo post até outubro.
Diário de bordo
Ainda estou vivo e preso a SP. Viagem pra Guararema hoje e eu ainda nem fui dormir. Não sinto sono. Não quero dormir. Acho que estou desesperado, pois o tempo é curto e meu ânimo também.
Algumas das coisas que ando escrevendo estão passando a acontecer, e isso me gela a espinha; Não me sinto mal por nada, não mesmo, porém ainda não descobri se há justiça nisso tudo… E olha que nem foi por vingança… Tá bom. Só um pouco. Mas o interesse é bem maior.
O Contini Rosé está pela metade. É a bebedeira do eu sozinho. Ainda resta uma garrafa de vinho. Estou ouvindo Carmina Burana. Tão bonito. Mas pensei em RadioHead agora. No surprises. Os traumas se foram.
Alguns ovos devem ser quebrados. Quebrei os meus e me desvencilhei de um passado enorme. O ato errado foi a melhor coisa a fazer. Agora é com você. Eu entendo de juventude ao contrário do que dizem; eu não entendo é de amor. Eu não entendo absolutamente nada de você… E eu tentei tanto. Espero que agora saiba entrar no caminho das pessoas boas. Quando falamos mentiras e elas são descobertas, as pessoas se afastam. Acho que fui o primeiro, você notou; e se continuar assim, que o ultimo apague a luz e feche a porta. Tentei de tudo, pensei em ofender, xingar, mas as energias foram embora… Eu sorrio pra você, mas não mais por você… Só da sua sacada a gente vê o quão você vive tão alto.
Desculpe. A garrafa agora passa da metade e a falange de um de meus dedos está em carne viva… Não bati em nenhum lugar… É minha mania de devorar a pele das mãos. Isso começou quando comecei a tocar violão. Dou graças a deus por não tocar bateria.
As unhas do pé insistem em cair, mas não caem.
Eu insisti em ficar, mas não fiquei.
Eu insisti por justiça, ela veio… Acho que me sinto apaixonado. Péssima idéia, Sr. Abreu, péssima idéia.
– Feche a garrafa e vá dormir.
– Você vem?
– Eu já estava dormindo.
– Eu vi, dorme feito anjo.
– Mas não sou.
– Eu também vi isso.
– Feche a garrafa.
– Quer um gole?
– Hum… Boa idéia.
Bem vinda ao refúgio dos Anjos.
*
Segundo trecho de “Refúgio dos anjos” por S. Charro.
Dois – Osvaldo
Desejo e Gula.
O homem obeso e sem barba escorregava pelo sofá com potes e mais potes de frango frito que se misturavam com o suor que escorria das dobras de seu corpo. Osvaldo poderia comer o dia inteiro já que não podia mais fazer sexo. Estava impotente aos seus trinta e cinco anos de idade pelo excesso de peso.
Comer era um prazer sublime. Não precisava de mais nada a não ser alimento, bebida alcoólica e sua televisão nova. Era sustentado pelo governo e por ajuda dos familiares que, mensalmente, depositavam uma quantia pára se verem livres da obrigação de ter que visitá-lo em seu apartamento sujo e fedido.
Seu lar não fedia a comida ou latas de cerveja jogadas pelo chão, mas fedia a suor.
Como não tinha mais interesse em mulheres, e nem podia, passava dias e dias sem tomar banho apenas para evitar o esforço de ficar de pé debaixo do chuveiro, seu recorde foram cinco dias sem se banhar, uma verdadeira façanha para alguém que não era mendigo.
Os dias de inverno eram sua benção, suava bem menos. Nos dias de calor deixava seu sofá encharcado, grudando como velcro. Sua existência era algo que nem ele poderia agüentar, mas segurava firme “as pontas” sempre esperando o segundo sábado de todo o mês; única ocasião em que saia de casa.
Pobre homem. Nunca saia de casa.
Fazia compras pela internet, fosse o que for nunca se dava ao trabalho de ir nem à padaria. Não agüentava descer as escadas e tinha medo de que o elevador despencasse e também das pessoas caçoando de sua aparência frigida e volumosa. Sua massa gordurosa tremia com um único passo, e assim, isolava-se de todos dentro de seu apartamento imundo, nu, pois roupa alguma o servia, apenas aquelas que seu amigo Cezar lhe trazia todo mês para as reuniões em que ele era obrigado a sair de casa; e ficava tão bem vestido que todos tinham a impressão errada sobre ele. A impressão de que ainda era ativo no dia a dia.
A campainha tocou quando Osvaldo estava no escuro com a luz azulada da televisão lhe fazendo companhia. Havia acabado de devorar três hambúrgueres de fast food e um prato de yakisoba.
– Entre – gritou ele com sua voz gutural e lenta.
A porta se abriu e um homem de sobretudo bege e blusa gola role branca adentrou.
– Olá, Osvaldo.
– Entre, Cezar. Procure um lugar para sentar.
– Não, fico bem de pé, só vim lhe deixar essas roupas – Disse Cezar jogando uma grande sacola ao lado de Osvaldo – Não vá esquecer, sábado que vem.
Osvaldo fez uma expressão de desconforto.
– Sabe, Cezar. Não sei se quero isso para mim mais, veja que eu não me encaixo na turma, estou cada vez mais decadente, as pessoas não gostam mais de mim pelo o que pareço.
– Largue mão. Você é o que você é, e ainda assim todos lá gostam de você, pois querendo ou não, eu sou o único que vê o ser nojento que você é no dia a dia. Lá é o único momento em que você parece alguém decente, não desperdice isso.
Osvaldo olhou para si mesmo. Não se sentiu ofendido, pois nada do que o amigo havia dito era mentira.
– Está certo, Cezar. Mas e se eles descobrirem que eu não cumpro as regras?
Cesar coçou o queixo e acendeu um cigarro; Osvaldo se incomodou, detestava cigarros, mas permaneceu quieto.
– Olhe, Osvaldo. Anda usando drogas ilícitas?
– Sabe que não. Apenas minhas folhas de Sálvia que tem outro propósito, e você sabe.
– Anda bêbado pela rua?
– Sabe que eu nem saio – Disse o obeso em forma de protesto.
– Então se acalme. Ainda não quebrou nenhuma regra do refúgio. Quando isso acontecer, eu mesmo o delato para todo mundo e você estará expulso de lá.
Osvaldo concordou com um sorriso, e prometeu em seguida que não faltaria à próxima reunião, e Cezar partiu com a mesma pena que sempre sentia daquele que, outrora, teria sido um menino gordinho de doze anos bajulado pelos pais.
saudade de você seu careca de boca aberta!
acho que essa coisa de escrever e acontecer é uma praga dos confins da internet aos blogueiros. Por isso só escrevo coisas boas agora ou coisas que já passaram! huahuahauhauhauhauaha
Vá viajar, duas coisas:
– Não entre em pânico!
– Não esqueça sua toalha!
… e não se esqueça de tirar o tênis e as meias …
“adoro esse sorriso bobo…”
Boas férias, Charrinho! Tava na hora já…
vê se quando voltar faz a gentileza de aparecer pra gente tomar umas brejas!!!
Adoramos seu sorriso bobo ²
😉
“Osvaldo olhou para si mesmo. Não se sentiu ofendido, pois nada do que o amigo havia dito era mentira”
Como se a verdade fosse doce…