Ps: Para tentar entender a história, comece por um post mais abaixo chamado “Tábata”.
Toquei a campainha três vezes até que o advogado nigeriano atendeu a porta com os olhos inchados de quem estava dormindo, ele era negro, mas achedito que por uma fração de segundos ficou branco só de me ver, logo disfarçou e sorriu cinicamente e me pediu que entrasse. Sem nem pedir, sentei-me no sofá rasgado.
– Oi – Disse ele ainda com aquele sorriso que me dava vontade de fazer com que ele engolisse os próprios dentes.
– Olá. Vim lhe pagar um dinheiro que Tábata deixou antes de viajar. Ela me pediu pra que viesse te dar essa grana.
– Humm.
Saquei o dinheiro do bolso e assisti ele contar. Logo que terminou, fez cara de estranheza e me olhou. Mas sem dar chance, fui logo dizendo.
– Olha, sei que você e ela eram muito amigos, mas algumas coisas não desentalam da minha garganta. Tenho que dizer.
– Pode dizer, mas só fale baixo, minha esposa e meu filho estão dormindo.
Abaixei a cabeça e o tom de voz para continuar.
– Veja bem. Naquele dia em que saíram. Ela me disse que foram ao shopping, mas alguma coisa martela na minha cabeça que não foi apenas isso. Gostaria que me falasse a verdade, já que ela não vai mais voltar.
Ele exitou, mirou seu olhar na escada e voltou seus olhos à mim.
– Tá certo. Saímos aquele dia.
– Isso eu sei.
– Ficamos.
– Ficaram?
– Ficamos.
– Ficaram como?
– Ficando…
– Ficando?
Ele respirou fundo.
– Ficamos e…
Interrompi-o imediatamente.
– Tá, já imagino.
Senti uma lágrima querendo sair. Vontade de socá-lo. Socar a ela também. Olhei para os lados desnorteado e o fitei novamente.
– Vocês não poderiam fazer isso. Eu estava com ela.
– Eu disse que me vingaria de você quando começaram a namorar.
O meu silêncio foi inevitável. Balancei a cabeça.
Quanto sucesso em se vingar! Eu poderia soltar rojões para o advogado nigeriano, apelido esse que ela deu a ele por sempre serem cúmplices e ele sempre lutar pelas causas dela, mesmo ela não dando nenhum valor.
– Veja bem, caro [….], ambos sabemos o tipo de garota que ela é. Ela é livre feito uma criança na Disney. Não suporta segurança e nem compromissos. É o tipo de garota que faz você amá-la e luta a todo custo até que você se derrame de amores, depois disso vai embora, e quando finalmente começar a esquecê-la, ela aparece uma vez mais para fazer a manutenção de seu sentimento, depois vai embora novamente.
Fiquei quieto. Quieto. Quieto. Quieto. Quieto……………………. Quieto.
– Preciso ir – Eu disse. Ele me levou até a porta, abriu-a e me sorriu mais uma vez. As lágrimas em meus olhos insistiam em sair, mas eu lutava.
– Hei – Ele disse quando eu já saia – Sabe… Quando falar com ela, diga que ainda faltam cento e cinqüenta reais, ok?
Eu ri dolorosamente, abri a carteira e, com o dinheiro destinado à luz elétrica, paguei o restante.
– Obrigado – Ele exclamou e me sorriu mais abertamente, que ódio!
Não consegui conter a curiosidade.
– Porque ela te devia 350 reais?
– Um presente que ela me deu, tive que pagar no dia e ela ficou de me reembolsar.
– Que presente.
– Fomos há um Motel naquele dia.
Meus lábios foram desgrudando um do outro lentamente como se tivessem velcro. Senti, lentamente, meu queixo encostando-se ao cimento da calçada. Indignação deve ser a palavra certa sobre o que me veio naquele momento.
Motel, motel, motel, motel… Não saia da minha cabeça. Eu o encarava com nojo. Não dele. Dela.
Da escada de dentro da casa, uma voz feminina ecoou:
– Com quem você foi a um motel?
Vi a mulher dele parada, com a face marmorizada em forma de um demônio raivoso esperando a explicação. Meu queixo voltou ao lugar enquanto era a vez do dele desabar.
Era hora dele sofrer minha vingança sem intenção.
Sorri abertamente para ambos.
Virei às costas e, como um bom perdedor, fui para casa para nunca mais vê-lo.
Eu ainda veria a mulher dele em certa ocasião.
Vc é a Tábata…
Ow…isso tá parecendo aquelas histórias de jornal do século XIX. Cada semana um capítulo! Pelo menos vc não comete a maldade de nos deixar esperando 1 semana…
Tô gostando!rs