Segunda-feira, dia morno e sem graça. Oito e meia da manhã. Meu humor não é legal nesse dia.
Observo os transeuntes que cruzam o meu caminho feito robôs. Ninguém fala com ninguém e não há simpatia. Tudo bem. Eu também não sou uma pessoa boa nas manhãs de segunda feira. Desato a andar apressado pelas ruas em busca do ponto de ônibus. “Corre cara. Os papéis do trabalho estão te esperando. Estipulantes, números, seguros e corretores. Acelera o passo que você, como sempre, está atrasado”. Acabo trombando em algumas pessoas, o que me deixa num estado de espírito ainda pior. Avanço até a aglomeração, subo no transporte coletivo e batalho por um lugar sentado. Ótima segunda!
Admira-me que às vezes vejo pessoas sorridentes no início da semana. Isso para mim é algo inconcebível.
Fico sentado, inerte praguejando contra o mundo e pensando no metrô que ainda está por vir.
Próximo ponto. Azar de quem sobe agora. Ao menos eu estou sentado!
Ela sobe. Eu a olho.
Já aconteceu algumas vezes, mas nunca nos falamos.
Não sei se ela vai estudar, não sei se trabalhar. Na verdade pouco importa. Ela só é mais uma menina muito bonita. E com uma mochila enorme por sinal.
Ela veio andando até próximo de onde eu estava sentado. Por um momento inútil, de tão pequeno, trocamos olhares.
Respirei fundo. “Seja cavalheiro. Ela é bonita e não custa nada”.
– Quer que eu segure a mochila pra você? (certamente você deve ter imaginado que eu daria meu lugar a ela… Não sou tão bondoso assim).
Ela sorriu e logo lançou a mochila em meu colo.
– Obrigado.
– Não há do que – Respondi virando para frente e sorrindo para parecer simpático.
– Moço… – Disse ela sem que eu esperasse. Virei rápido o pescoço e fitei aqueles olhos desconhecidos até então.
– Existe um fio enroscado em sua barba. Posso tirar pra você?
“Pensa, pensa, pensa… Ela deve ser louca e tem mania de arrumação!”.
– Ah… Tem é…? … Humm… Claro… hehe… Obrigado.
Delicadamente, com as mãos mais belas que já vi, ela removeu um pequeno pedaço de linha branca que estava entre os pelos na minha bochecha. Olhou-me e sorriu. Olhando para ela eu sorri. Ela esperava algo, quem sabe. Uma palavra a mais, uma aceno. Um pouco de amizade. Quase sempre a vejo na lotação, mas não sabia como agir ali.
Virei para frente ainda sorrindo. Ficamos quietos e deixamos tudo como estava. Sem amizade, sem uma palavra ou aceno… Sem romance nenhum pra tentar. Mandei ao inferno a chance de um bom início de semana.
Chegando à estação de Metrô…
– Obrigado – Disse ela pegando a mochila.
Olhei-a.
– Obrigado a você por tirar aquela linha do meu rosto.
– Imagina.
Aí ela foi indo. Sumindo…
Tudo bem. Às vezes a vejo. Da próxima vez dou-lhe um pouco de amizade.
Esse post me fez lembrar de uma grande amiga… a Natália.
Conheci ela no ônibus do Pássaro Marrom vindo pra São José. Tivemos uma afinidade instantanea. E hoje em dia ela é uma amigona, daquelas que posso contar sempre.
=)
Ou Ou,rsss 😛
que nada, da próxima vez você diz à ela: – Cuidado moça, um excopólio!!!
hahahahahahahahahhaha
É só ficção, gente. rs
sei, sei…
vc sempre dando um de galanteador, não vou estender meu comentario pra num parecer inconveniente…rs