Deixarei aqui um trecho de um dos capítulo de meu livro.
Capitulo Três – Guararema
Esta história vai começar a ficar perigosa nos próximos capítulos e não vou mais poder parar de contar, portanto achei melhor colocar logo a descrição da cidade de Guararema para que você a imagine corretamente, pois como ela existe, você não poderá imaginá-la da forma como quiser!
O que?
Se não acredita em Guararema, pesquise nos mapas ou até mesmo na internet, certamente você encontrará coisas sobre esta magnífica, esplendida e mágica cidade que tentarei descrever aqui. Mas caso você já tenha ido até lá e conhece bem a cidadezinha, pode ir direto para o próximo capítulo.
Guararema fica por volta de setenta e cinco quilômetros ao leste da grande São Paulo, se parar pra pensar, não chega a ser tão longe, porém, ainda assim ela é completamente diferente da cidade grande, pois valoriza a natureza e ao ar puro, claro que isso é influência das Fadas que por ali vivem, mas falarei disso depois.
O ar é completamente puro, uma delícia de se respirar, quase que chega a ter gosto suave de cerejas campestres; os cidadãos são extremamente bem educados. Vou até contar algo que aconteceu comigo uma vez, até mesmo antes de conhecer o caminho das fadas que lá existe.
Como sou Paulistano e mal educado, ao menos eu costumava ser assim, nunca me importei com a limpeza da cidade onde eu vivo, hoje em dia é diferente, mas não naquela época. Se algo caísse da minha mão, algo que eu não usaria mais, deixava onde caiu, independente do tamanho ou origem. Imagino eu que a maioria das pessoas que moram em uma cidade grande é assim mesmo; não se importa com nada. Mas um dia eu caminhava pelas ruas de Guararema e passei em frente à igreja da cidade, onde alguns senhores de idade conversavam calmamente e jogavam xadrez. Eu carregava uma sacola de supermercado com uma garrafa de vinho dentro, e estava completamente distraído com a beleza do lugar e com o numero excessivo de árvores, coisa que na cidade grande chega a ser raro em alguns bairros. E andando assim, desfrutando da maravilha do local, a sacola estourou e foi direto ao chão a garrafa que dentro dela havia, fazendo-se em pedaços e espalhando o liquido vermelho pelo asfalto. Como todo bom garoto paulistano, lamentei o fato, ignorei o resto e continuei caminhando fingindo que nada ali tivesse acontecido, foi então que um dos senhores que estavam sentados me chamou; quando o olhei, vi que seus olhos faiscavam de um azul solene, confortante, porém, impiedoso. Acho que foi o par de olhos azuis mais intensos que já vi na vida. Sua pele era tão branca quanto seus cabelos, que eram curtos e lisos. Aí então caminhei até ele, que sorria amavelmente para mim; quando me aproximei ainda mais, ele me lançou uma ordem, mesmo que num tom cavalheiresco, ainda assim uma ordem:
– Rapaz, você derrubou essa garrafa no chão, agora pegue os cacos e coloque no lixo antes que um de nós se machuque.
Não consegui nem ao menos sentir vergonha, não mesmo. Mas senti-me impelido a obedecer ao velho que, mais tarde, descobri ser o porteiro do mundo das fadas que se disfarçava de senhor de idade para ir até a cidade conversar com os humanos; ele é um dos poucos que pode fazer isso, e quando fazia, preferia ficar entre as pessoas de idade avançada, por terem muito mais experiência de vida e o espírito de criança forte. Mais para frente você terá o prazer de conhecê-lo ainda nessa história.
Peguei os cacos e joguei num sexto de lixo que havia ali perto, e então ele me sorriu e permitiu que eu continuasse com meu passeio.
O fato é que a cidade é muito limpa também.
Um lugar que vale a pena visitar em Guararema, chama-se “Praça do Pau D´Alho”, que é cortada pelo rio Paraíba do Sul, onde tem muitos peixes, muitos mesmo. Grande quantidade de recursos naturais… Certamente você deve estar pensando “como pode uma praça ter tudo isso?” Mas a verdade é que ali mais se assemelha a uma fazenda, algo desse tipo.
Muitas coisas curiosas existem por Guararema, como por exemplo, a estação de trem que hoje é desativada, mas ainda ostenta os trilhos e uma boa conservação, que faz com que nós mesmos nos perguntemos se ela realmente não funciona.
Vou falar agora mais da estrada Municipal, que é por onde passei várias vezes sem perceber que a entrada do mundo das Fadas fica lá, bem escondidinha.
Esta estrada é uma das coisas mais mágicas que por lá vejo, tenho uma paixão especial por ela. Eu sempre acampava nas cachoeiras que fica a seis quilômetros da cidade seguindo a estrada Municipal direto, e eu costumava comprar bebidas e caminhar pela noite cantando com os amigos e falando sobre coisas de outros mundos; e quem diria que estávamos tão próximos disso, mas como não estou aqui para escrever a minha história, mas sim a de Serena, vou me ater à estrada neste momento.
Quando se sai da cidade, caminhando pela estrada, é possível alcançar grandes colinas nas margens do caminho, e por este motivo, ir até a cachoeira a pé sempre era um trabalho árduo, ao menos para nós, pessoas sedentárias da cidade grande.
Pela noite tudo ficava mais bonito ali, pois como no interior há menos luz emitida pela cidade, podemos ver o céu com muito mais estrelas. Até mesmo nebulosas é possível se ver. Eu sempre costumei dizer que ali era um dos céus mais belos do mundo, ao menos que eu tenha visto. Dizem que o de São Tomé das Letras também é fantástico, mas enquanto eu não for para lá, nada irá chegar perto de Guararema.
Os barulhos noturnos dos animais, que deveria ser demasiadamente assustador, não chega a ser, na verdade parece uma sinfonia que a natureza nos oferece para que possamos andar no ritmo de sua musica, no ritmo de sua canção favorita. Mas dizem que quando as fadas se zangam, o contrário acontece.
aaaaaaaah ^^